O Regime Geral de Previdência Social (RGPS), administrado pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), é um dos pilares da proteção social no Brasil.
Esse sistema de contribuição previdenciária abrange tanto os trabalhadores da iniciativa privada quanto os servidores que não estão vinculados a regimes próprios.
A adesão a esse sistema é obrigatória para todos os cidadãos que trabalham de maneira formal, garantindo que as contribuições dos trabalhadores em idade ativa financiem o pagamento dos aposentados, promovendo uma solidariedade intergeracional.
- Funciona como uma via de mão-dupla: os trabalhadores contribuem para a Previdência durante a vida laboral e, eventualmente, recebem o benefício da aposentadoria.
Isso sem falar em outros benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social – falaremos sobre eles no decorrer do nosso artigo.
Com a natureza dinâmica das legislações que regem a Previdência Social, o RGPS se adapta constantemente às demandas socioeconômicas do país.
Nesse sentido, confira abaixo tudo que você precisa saber sobre o RGPS, desde o significado do conceito, até a função da contribuição previdenciária para os trabalhadores.
O que é o RGPS?
A definição do RGPS, ou Regime Geral de Previdência Social, compreende um sistema de previdência pública que atende todos os trabalhadores que exercem atividades remuneradas e que não pertencem a um regime próprio, como o de servidores públicos.
Este regime foi criado para garantir segurança financeira aos cidadãos em situações de risco, como aposentadoria, doenças ou acidentes.
A adesão ao RGPS é obrigatória para todos que possuem trabalho formal, com contribuições mensais que variam conforme o salário recebido.
No caso dos trabalhadores formais, o desconto previdenciário é feito diretamente na folha de pagamento, com valores que também se dividem de acordo com a remuneração propriamente dita.
A contribuição feita ao INSS permite que os segurados acessem diversos benefícios, sendo dividido entre segurados obrigatórios e facultativos.
Os segurados obrigatórios têm acesso a benefícios como:
- Salário família
- Salário maternidade
- Aposentadorias
- Pensões
- Auxílios
- Serviços de reabilitação profissional
As categorias dos segurados obrigatórios incluem empregados urbanos, rurais, domésticos, contribuintes individuais e trabalhadores avulsos.
Além disso, de acordo com a CLT, o conceito de empregado abrange não apenas a prestação de serviços com subordinação ao empregador, mas também o pagamento de salário de forma regular.
A importância da Previdência Social no Brasil
A Previdência Social desempenha um papel de inegável importância na proteção financeira dos trabalhadores e de suas famílias, especialmente em momentos críticos como aposentadoria, invalidez e doença.
Esse sistema garante que milhões de brasileiros tenham acesso a benefícios previdenciários, fundamentais para a manutenção de uma vida digna e estável financeiramente.
Com aproximadamente 58,9 milhões de contribuintes no RGPS em 2024, a Previdência se consolida como um dos principais pilares da segurança social no Brasil.
Em 2024, mais de 55% dos trabalhadores entre 16 e 64 anos estavam socialmente protegidos, evidenciando a abrangência e a importância da Previdência Social neste contexto.
A cobertura para idosos com 65 anos ou mais alcança 89%, refletindo o compromisso do sistema em atender as camadas mais vulneráveis da população.
Através de benefícios previdenciários, como aposentadorias e pensões, a Previdência Social conseguiu reduzir a pobreza em impressionantes 14,1 pontos percentuais, proporcionando uma rede de segurança que beneficia não apenas os segurados, mas também suas famílias e, por extensão, a sociedade como um todo.
A importância da Previdência Social está também no seu papel como um mecanismo de poupança involuntária.
Garantindo uma fonte de renda em tempos difíceis, esse sistema promove não apenas a proteção financeira individual, mas também estabilidade econômica para a nação.
Desse modo, a Previdência Social se estabelece como um direito social essencial, conforme assegurado pela Constituição Brasileira de 1988, contribuindo para o fortalecimento da justiça social e do combate à desigualdade no país.
Como funciona o sistema do RGPS?
O funcionamento do RGPS é baseado na solidariedade intergeracional, onde as contribuições dos trabalhadores ativos são utilizadas para financiar os benefícios dos aposentados.
Este modelo é caracterizado pela repartição simples, em que as contribuições mensais são direcionadas para o pagamento imediato dos benefícios aos segurados.
O sistema também permite a filiação facultativa ao RGPS, possibilitando que pessoas que não exercem atividades remuneradas possam contribuir e, assim, acessar os serviços previdenciários.
Dessa forma, mais cidadãos têm a oportunidade de garantir uma proteção social. O mesmo vale para trabalhadores autônomos e Microempreendedores Individuais (MEIs).
Os recursos previdenciários são provenientes das contribuições dos segurados e do ente federativo, acrescidos de outros valores e rendimentos.
Vale ressaltar que esses recursos devem ser utilizados exclusivamente para o pagamento dos benefícios previdenciários, conforme determina a Constituição Federal.
A União é responsável por legislar sobre as normas gerais do sistema de previdência social, enquanto Estados, Municípios e o Distrito Federal elaboram leis específicas para seus regimes próprios de previdência.
Quem são os segurados da Previdência Social?
O Regime Geral de Previdência Social (RGPS) abrange diversas categorias de segurados, garantindo que trabalhadores de diferentes origens possam acessar a proteção social.
Os segurados do INSS são classificados em dois grupos principais: os obrigatórios e os facultativos.
As categorias de segurados obrigatórios incluem:
- Empregados: Brasileiros que trabalham de carteira assinada para empresas da iniciativa privada;
- Trabalhadores avulsos: Prestam serviços a diversas empresas, desempenham funções variadas, como estivadores e vigilantes de embarcações.
- Empregados domésticos: Trabalham de forma contínua e subordinada em uma residência.
- Contribuinte individual: Vasta gama de profissionais, como motoristas de táxi e eletricistas, ampliando assim a abrangência do regime
- Segurado especial: Produtores rurais e pescadores artesanais, refletindo as várias faces da atividade econômica no Brasil
Já os segurados facultativos são aqueles que têm mais de dezesseis anos e se filiam ao RGPS mediante contribuição, desde que não tenham atividade remunerada que os enquadre como segurados obrigatórios.
- Por exemplo: os MEIs contribuem ao INSS por meio do DAS, e os trabalhadores autônomos em geral também podem fazer contribuições facultativas.
A contribuição previdenciária possui alíquotas específicas, variando de acordo com a categoria.
Por exemplo, empregados contribuem entre 7,5% e 14%, enquanto os segurados especiais estão resguardados por normas que buscam proteger sua atividade rural como meio de vida.
Conheça os benefícios do INSS
O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), amparado pela Previdência Social, é o principal órgão de proteção social dos trabalhadores brasileiros.
Desse modo, os segurados do INSS têm direito a diversos benefícios, desde a aposentadoria até a pensão por morte, passando também por auxílios e pagamentos especiais.
Abaixo, listamos algumas das principais modalidades de aposentadoria no INSS:
- Aposentadoria por idade;
- Aposentadoria por tempo de contribuição,
- Aposentadoria especial,
- Aposentadoria para professores.
A pensão por morte é outro benefício fundamental, garantindo suporte aos dependentes dos segurados falecidos.
Este benefício é concedido se o segurado estava em qualidade de segurado ou dentro do “período de graça”. Os dependentes têm direitos garantidos que asseguram sua manutenção financeira em um momento difícil.
Além da aposentadoria e da pensão por morte, o INSS oferece vários outros benefícios importantes, incluindo:
- Auxílio por incapacidade temporária (antigo auxílio-doença) para segurados com pelo menos 12 meses de contribuição.
- Auxílio-acidente, destinado a segurados com sequelas permanentes que reduzam a capacidade de trabalho.
- Salário-maternidade, disponível após o nascimento ou adoção de filho(a), incluindo casos de aborto não criminoso.
- Auxílio-reclusão, que beneficia dependentes de segurados em regime fechado de baixa renda.
Independentemente do tipo, os benefícios do INSS visa proporcionar segurança e estabilidade na vida do segurado e de seus dependentes.
Benefício | Requisitos | Observações |
---|---|---|
Aposentadoria por Idade | 62 anos (mulheres), 65 anos (homens); 15 a 20 anos de contribuição | Comprovação de tempo de contribuição |
Aposentadoria por Tempo de Contribuição | 15 anos (mulheres), 20 anos (homens) | Regra de transição pode aplicar-se |
Aposentadoria Especial | Trabalhadores expostos a condições prejudiciais | Direito específico para certas profissões |
Pensão por Morte | Dependentes do segurado falecido | Em qualidade de segurado ou “período de graça” |
Auxílio por Incapacidade Temporária | 12 meses de contribuição; exceto em caso de acidente | Antigo auxílio-doença |
Auxílio-Acidente | Sequelas permanentes de acidente | Redução da capacidade laboral |
Salário-Maternidade | Após nascimento/adoção | Inclui casos de aborto não criminoso |
Auxílio-Reclusão | Dependentes de segurados presos de baixa renda | Requisitos específicos de renda |
Assim, o apoio da Previdência Social torna-se fundamental em momentos de necessidade, promovendo bem-estar e proteção para todos os cidadãos.
Regras de Transição para o RGPS
As regras de transição foram implementadas como parte da Nova Previdência, que entrou em vigor em 13 de novembro de 2019, com a publicação da emenda constitucional nº 103.
Essas regras são essenciais para suavizar o impacto das reformas, permitindo que os segurados, que estão próximos da aposentadoria, façam uma adaptação gradual à nova legislação, assegurando seus direitos de forma tranquila.
Atualmente, existem cinco regras de transição no Regime Geral de Previdência Social, sendo quatro delas baseadas no tempo de contribuição e uma na idade.
- Por exemplo, na transição por sistema de pontos, as mulheres podem se aposentar a partir de 86 pontos, enquanto os homens podem iniciar sua aposentadoria a partir de 96 pontos.
É importante ressaltar que os professores têm requisitos mais brandos, o que proporciona maior flexibilidade para esses profissionais.
Além disso, as regras de transição possibilitam diferentes combinações de idade e tempo de contribuição, permitindo que segurados escolham a alternativa mais vantajosa.
Para maximizar seus benefícios, é fundamental que os trabalhadores se informem sobre as opções disponíveis e façam escolhas que atendam às suas necessidades e expectativas futuras em relação à aposentadoria.
Além do RGPS: Outros regimes de Previdência
Além do RGPS (Regime Geral de Previdência Social), o Brasil possui outros modelos de previdência para atender às necessidades de diferentes grupos da população.
Cada um deles possui características e regras próprias, e é importante entender suas particularidades para escolher a opção mais adequada.
Regime Próprio de Previdência Social (RPPS):
- Exclusivo para servidores públicos de estados, municípios e do Distrito Federal.
- O RPPS é gerenciado pelo próprio ente público, com regras e benefícios próprios definidos por leis específicas.
- A gestão do RPPS é feita por órgãos próprios do ente público, como o Instituto de Previdência dos Servidores Públicos (IPSM) ou o Fundo Previdenciário do Servidor Público (Previ).
- O RPPS costuma oferecer benefícios mais amplos que o RGPS, como aposentadoria por tempo de serviço menor, pensão por morte mais generosa e benefícios de auxílio-doença e auxílio-reclusão mais vantajosos.
Regime Complementar de Previdência Social (RCPS):
- Sistema privado que complementa a previdência pública, disponível para servidores públicos e trabalhadores da iniciativa privada.
- É oferecido por fundos de pensão privados e empresas de previdência complementar aberta.
- O RCPS é uma opção para quem deseja complementar a sua aposentadoria pública com uma renda extra.
- As regras de contribuição e os benefícios do RCPS variam de acordo com o plano escolhido, podendo ser mais flexíveis que o RGPS e o RPPS.
Previdência Privada:
Sistema privado individual oferecido por bancos e corretoras. Existem dois tipos de planos:
- Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL): Permite deduzir o valor investido na declaração do Imposto de Renda na modalidade da renda fixa. É mais vantajoso para quem quer reduzir o imposto que paga hoje, principalmente aqueles em faixas de renda mais alta.
- Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL): O valor investido não é deduzido na declaração do Imposto de Renda, mas a tributação do rendimento é apenas sobre o lucro. Vale a pena para quem pretende investir por um período mais longo, pois o imposto é pago apenas sobre o lucro final.
Sistema de Previdência Complementar para Trabalhadores Independentes (PREV):
- Permite que profissionais autônomos, liberais, contribuintes individuais e microempreendedores individuais (MEIs) se protejam contra riscos de morte, invalidez e vida longa.
- É administrado por entidades fechadas de previdência complementar.
- O PREV é uma opção para quem trabalha por conta própria e deseja ter acesso a um plano de previdência complementar.
Contribuição facultativa: Como fazer?
A contribuição facultativa para o INSS é uma opção para quem deseja aumentar sua renda mensal no futuro, garantindo um benefício previdenciário maior, mesmo que não exerça atividade profissional formal.
Ela funciona como um “seguro” para complementar a sua aposentadoria, auxílio-doença ou pensão por morte.
Para fazer a contribuição facultativa, é necessário ser brasileiro ou estrangeiro com visto permanente no Brasil e não estar inscrito em outro regime de previdência social.
O valor da contribuição é livremente escolhido pelo contribuinte, sendo o mínimo de R$ 282,40 e o máximo de R$ 1.557,20.
Como fazer a contribuição facultativa:
- Inscrição no INSS: Acesse o site do INSS ou compareça a uma agência para realizar o cadastro como contribuinte facultativo. É necessário apresentar documentos de identificação, como RG e CPF, e comprovante de residência.
- Escolha do valor da contribuição: Defina o valor da contribuição mensal que deseja pagar, considerando o seu orçamento e as metas de aposentadoria que deseja alcançar.
- Pagamento das contribuições: O pagamento das contribuições pode ser feito por meio de boleto bancário ou débito automático em conta corrente. As contribuições devem ser pagas até o dia 10 de cada mês.
- Acompanhamento do saldo de contribuições: É importante acompanhar o saldo de suas contribuições para ter certeza de que os pagamentos estão sendo efetuados corretamente e para calcular a sua aposentadoria futura.
Observações:
- O tempo de contribuição facultativa é contabilizado para a aposentadoria, auxílio-doença e pensão por morte.
- O valor da contribuição influencia o valor do benefício recebido no futuro.
- A contribuição facultativa é uma forma de se prevenir contra riscos de doença, invalidez e vida longa.
- É importante se informar sobre as regras e benefícios da contribuição facultativa antes de contratá-la.
Para ajuda e orientação, entre em contato com a Previdência Social ou com um advogado especializado em direito previdenciário.