A partir de 2025, todas as empresas brasileiras ficam obrigadas a implementar um plano de saúde mental para os funcionários, conforme as novas regulamentações estabelecidas pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
A mudança simboliza um avanço considerável na gestão de segurança e saúde no trabalho, reconhecendo que a saúde mental é um dos pilares para o bem-estar dos colaboradores e para a produtividade das organizações.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 15% dos adultos em idade laboral em todo o mundo enfrentam transtornos mentais, e a realidade não é diferente no Brasil, onde episódios depressivos estão classificados entre as dez doenças que mais resultam na concessão de benefícios por incapacidade no INSS.
Nesse contexto, a atualização da NR-1, que começa a valer em 25 de maio, exige que as empresas realizem a avaliação dos riscos psicossociais, abordando questões como a pressão por resultados e a falta de suporte emocional, fatores que podem levar a quadros de exaustão e burnout.
Com isso em mente, confira abaixo tudo que você precisa saber sobre a nova obrigação para as empresas e como fazer o plano de saúde mental no seu trabalho!
Importância da saúde mental no ambiente de trabalho
A saúde mental está entre os aspectos mais importantes para garantir um ambiente de trabalho saudável e produtivo em empresas dos mais variados segmentos.
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão e a ansiedade geram mais de 12 bilhões de dias de trabalho perdidos anualmente – cenário que demonstra claramente a importância da saúde mental para empresas e colaboradores.
Estatísticas indicam que cerca de 60% da força de trabalho global enfrenta estresse no trabalho, conforme relatado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Desse modo, as organizações que priorizam a saúde mental colhem os benefícios da saúde mental, como a redução do absenteísmo e um aumento significativo na retenção de talentos.
Além disso, pesquisas mostram que aproximadamente 60% dos colaboradores que receberam suporte psicológico notaram melhorias em sua produtividade e bem-estar.
Nesse contexto, os planos de saúde mental são instrumentais para estabelecer uma cultura organizacional que valorize o cuidado com os colaboradores.
Como citamos anteriormente, devido à atualização da NR-1, implementar um plano de saúde mental se torna obrigatório a partir de 2025, o que destaca ainda mais a importância de se investir em métodos que promovam o wellness corporativo.
Na prática, a promoção de um ambiente de trabalho saudável envolve a análise de métricas que avaliam a satisfação e o bem-estar dos colaboradores.
Pesquisas de clima organizacional são recomendadas, assim como a coleta de dados em tempo real, que facilita a análise e a tomada de decisões.
O incentivo à prática de atividades físicas e a oferta de planos de saúde abrangentes também estão entre as principais estratégias para melhorar a saúde mental no trabalho.
O investimento em práticas que favoreçam a saúde mental resulta em retornos tangíveis para as empresas. Uma força de trabalho saudável não apenas beneficia os colaboradores, mas também impulsiona o sucesso organizacional a longo prazo.
NR-1 atualizada: quais as mudanças?
A Norma Regulamentadora nº 1, conhecida como NR-1, estabelece disposições fundamentais sobre saúde e segurança no trabalho no Brasil.
A atualização da NR-1, que entrará em vigor a partir de 25 de maio de 2025, reflete um movimento significativo para integrar a saúde mental nas práticas de gestão ocupacional.
A partir de agora, a norma exige que as empresas incluam a avaliação de riscos psicossociais em seu Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR).
Com a nova atualização, as empresas serão obrigadas a identificar e gerenciar riscos como estresse, assédio moral e carga de trabalho excessiva.
A inclusão dos fatores psicossociais vem em resposta ao aumento observado nos casos de afastamento laboral por questões de saúde mental.
“Essa atualização é muito importante. As empresas terão que fazer a gestão desses ambientes de trabalho para evitar o adoecimento mental do trabalhador. O objetivo é evitar o excesso de sobrecarga de trabalho e dar atenção às questões do ambiente de trabalho saudável sem assédio e nenhum tipo de violência contra o trabalhador, seja assédio moral, sexual ou qualquer outra forma de assédio”, explica Rogério Araújo, secretário de Inspeção do Trabalho.
Setores como teleatendimento e saúde, conhecidos por altos índices de adoecimento mental, estarão sob fiscalização intensificada por parte do Ministério do Trabalho e Emprego.
As normas regulamentadoras em vigor buscam, portanto, modernizar as práticas de segurança no trabalho.
Espera-se que a implementação dos novos requisitos leve a uma diminuição dos custos associados a acidentes e afastamentos.
Da mesma forma, a NR-1 incentiva as empresas a adotarem políticas de suporte psicológico e promoção de ambientes saudáveis, minimizando o risco de multas e penalidades legais.
A nova NR-1 se alinha a diretrizes internacionais sobre a saúde no trabalho, evidenciando a evolução e a necessidade de adequação das empresas às melhores práticas globais.
Com essa atualização, o foco nos riscos psicossociais é inegável e se posiciona como prioritário na busca por uma gestão de saúde no ambiente laboral mais eficaz e humanizada.
Quais empresas são obrigadas a fazer plano de saúde mental?
Com a nova regulamentação, a obrigação das empresas de criar um plano de saúde mental se tornará uma realidade em 2025.
Essa exigência é compulsória para todas as empresas, considerando que cerca de 15% dos adultos em idade laboral enfrentam transtornos mentais durante suas carreiras, conforme relatório da OMS.
Portanto, a implementação de políticas voltadas para a saúde mental se traduz na proteção do bem-estar dos colaboradores.
Todas as empresas são obrigadas a criar plano de saúde mental para os colaboradores, e nesse contexto, os setores mais fiscalizados serão os que exibem altas taxas de afastamento por motivos relacionados ao adoecimento mental – como centrais de teleatendimento, bancos, empresas de telemarketing e estabelecimentos de saúde.
A regulamentação do MTE estipula que as empresas devem mapear fatores de estresse no ambiente de trabalho e adotar medidas para mitigar esses riscos.
O descumprimento das diretrizes poderá resultar em multas e sanções administrativas, o que ressalta a seriedade dessa obrigação.
Quando a NR-1 atualizada entra em vigor?
A NR-1 atualizada entra em vigor nove meses após a sua publicação, o que significa que passará a valer em 25 de maio de 2025.
Considerando o tempo necessário para a tramitação e a aprovação interna das novas diretrizes, a previsão é que as adaptações nos processos, incluindo os de gestão de riscos, sejam finalizadas em cerca de um ano.
O prazo é considerado suficiente para que as empresas possam se ajustar às novas exigências e implementar as mudanças necessárias, garantindo um ambiente de trabalho mais seguro e saudável para todos os colaboradores.
Avaliação de riscos psicossociais: o que é?
A avaliação dos riscos psicossociais é um componente fundamental na gestão da saúde no trabalho, e com a atualização da NR-1, torna-se obrigatório para todas as empresas.
Na prática, a implementação dessa avaliação deve incluir a identificação e análise de fatores que possam afetar a saúde mental dos trabalhadores, visando promover um ambiente seguro e saudável.
A revisão das diretrizes trouxe importantes mudanças, como a substituição do antigo Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) pelo novo Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR).
Além de fatores físicos, químicos e biológicos, o PGR agora abrange fatores ergonômicos e psicossociais, ampliando o escopo da gestão de riscos nas empresas.
Com o aumento da pressão por produtividade e o estresse elevado em funções específicas, a necessidade de realizar uma avaliação psicossocial é ainda mais evidente.
Setores como indústria, saúde, construção civil, serviços de segurança e logística se destacam entre aqueles que devem priorizar a implementação de processos para avaliar esses critérios.
Nesse sentido, quais são os principais riscos psicossociais que devem ser incluídos na avaliação propriamente dita? Confira abaixo:
- Carga de trabalho excessiva: Excesso de demandas, prazos curtos e jornadas prolongadas podem levar ao esgotamento físico e mental.
- Falta de controle sobre as atividades: Quando o trabalhador tem pouca autonomia para decidir como e quando realizar suas tarefas, isso pode gerar frustração e estresse.
- Exposição a situações de violência ou assédio: Ambientes com conflitos frequentes, intimidações ou discriminação afetam diretamente a saúde psicológica dos funcionários.
- Falta de apoio organizacional: A ausência de suporte da liderança e da equipe pode aumentar o nível de ansiedade e desmotivação.
- Demandas emocionais elevadas: Funções que exigem interação constante com o público ou envolvem tomada de decisões difíceis podem gerar sobrecarga emocional.
- Desequilíbrio entre trabalho e vida pessoal: Dificuldades em conciliar responsabilidades profissionais e pessoais podem resultar em estresse crônico e esgotamento.
Avaliação de riscos psicossociais: como fazer?
Para garantir um ambiente de trabalho mais seguro e saudável, a avaliação de riscos psicossociais deve seguir uma abordagem estruturada.
Veja o passo a passo abaixo para fazer a avaliação de riscos psicossociais na prática:
- Identificação dos fatores de risco: Aplicação de questionários, entrevistas e análise das condições de trabalho para mapear os fatores que afetam a saúde mental dos colaboradores.
- Análise dos impactos: Avaliação do nível de risco de cada fator identificado, considerando sua frequência e gravidade.
- Definição de medidas preventivas: Desenvolvimento de estratégias para minimizar os riscos, como ajustes na organização do trabalho, suporte psicológico e programas de bem-estar.
- Monitoramento contínuo: Reavaliação periódica das condições de trabalho para verificar se as medidas adotadas estão sendo eficazes e promover melhorias constantes.
A aplicação da avaliação de riscos psicossociais atende às exigências da legislação, e também contribui para um ambiente corporativo mais equilibrado, reduzindo afastamentos por problemas de saúde mental e aumentando a produtividade.
Dicas de saúde mental para empresas
Para promover a saúde mental no ambiente de trabalho, as empresas precisam implementar estratégias que priorizem o bem-estar de seus colaboradores.
Cerca de 70% dos trabalhadores já enfrentaram algum tipo de transtorno mental, o que torna essas iniciativas ainda mais relevantes.
Abaixo, listamos as principais dicas de saúde mental para empresas:
- Criação de programas de apoio psicológico que ofereçam suporte contínuo aos colaboradores.
- Promoção de um ambiente de trabalho positivo que estimule a comunicação aberta.
- Capacitação de líderes para identificar sinais de estresse e esgotamento
- Implementação de políticas que desencorajem o assédio moral, criando um clima organizacional harmonioso.
- Realização de atividades como yoga, meditação ou ginástica laboral, consideradas boas práticas de autocuidado.
A Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho (SIPAT) pode ser uma oportunidade para abordar questões de saúde mental, reforçando o compromisso das empresas com a saúde no trabalho.
Além disso, oferecer um plano de saúde que facilite o acesso rápido a terapias e tratamentos é sempre recomendado, visto que muitos planos cobrem terapias com coparticipação, aumentando a acessibilidade ao cuidado mental.
Veja mais detalhes na tabela abaixo:
Iniciativa | Benefício |
---|---|
Programas de apoio psicológico | Melhora na eficácia e satisfação dos colaboradores |
Capacitação de líderes | Identificação precoce de problemas de saúde mental |
Atividades de autocuidado | Redução do estresse |
Diálogo aberto | Minimização do estigma relacionado a problemas mentais |
Investir em saúde mental mental contribui para a qualidade de vida dos colaboradores, e também pode melhorar a produtividade e o clima organizacional.
Em um cenário onde transtornos como depressão e ansiedade resultam na perda de milhões de dias de trabalho anualmente, essa prioridade torna-se imprescindível para o sucesso das empresas.
Riscos e consequências de ignorar a saúde mental
Ignorar a saúde mental no ambiente de trabalho pode trazer inúmeras consequências negativas para os colaboradores e para a instituição.
- Por exemplo: a falta de reconhecimento e suporte às emoções pode resultar em um aumento do estresse, ansiedade e depressão, dificultando a performance dos funcionários.
Combinados, esses fatores se traduzem em consequências no trabalho, como um elevado índice de absenteísmo e queda na produtividade.
O distanciamento da realidade emocional, muito comum quando se busca uma positividade tóxica, pode criar um bloqueio emocional.
A repressão das emoções não processadas torna o ambiente ainda mais hostil, aumentando os riscos ocupacionais.
Para as empresas, as repercussões legais podem ser significativas caso não se cumpram as exigências da NR-1 e da Lei 14.831, além de outras regulamentações pertinentes.
Investir em saúde mental é recomendado não apenas para o bem-estar dos colaboradores, mas também para a sustentabilidade financeira da empresa.
A resiliência, por exemplo, surge quando as emoções são confrontadas de forma realista, propiciando um ambiente de trabalho saudável e colaborativo.
Por isso, estratégias que promovem o autoconhecimento e a expressão emocional devem ser priorizadas.
Veja abaixo as principais consequências de não dar a devida atenção à saúde mental no trabalho:
- Aumento do absenteísmo.
- Queda na produtividade.
- Maior turnover.
- Problemas legais e reputacionais.
- Maior risco de transtornos mentais a longo prazo.
Dessa forma, a implementação de um plano eficaz pode fazer toda a diferença na vida profissional dos colaboradores e no próprio crescimento da organização.
Plano de saúde mental: como fazer na prática?
Com a atualização da NR-1, elaborar um plano de saúde mental eficaz se tornou uma prática obrigatória para promover a saúde no trabalho e prevenir afastamentos.
Com 288.865 casos de afastamentos relacionados a transtornos mentais registrados no Brasil em 2023, as empresas devem adotar estratégias que envolvam diagnósticos claros dos riscos psicossociais.
Um diagnóstico inicial deve considerar indicadores como absenteísmo, turnover e feedback dos colaboradores, permitindo uma visão abrangente das necessidades da equipe.
A implementação de treinamentos é outra etapa importante no desenvolvimento de um plano eficaz.
Afinal, estes treinamentos reduzem o absenteísmo e, ao mesmo tempo, aumentam a retenção de talentos nas empresas.
Da mesma forma, a promoção de um ambiente organizacional favorável à saúde mental pode incluir a utilização de serviços de telemedicina, que oferecem um acompanhamento mais frequente e acessível.
Por fim, é essencial acompanhar a execução do plano por meio de avaliações periódicas.
A adoção dessa estratégia garantirá que as intervenções estejam funcionando e permitirá aos gestores realizar ajustes conforme necessário.
Parece complexo? Abaixo, mostramos como desenvolver o plano de saúde mental da sua empresa de acordo com as exigências da NR-1 atualizada:
- Mapeamento dos riscos psicossociais: Utilize pesquisas internas, entrevistas e análise de indicadores como afastamentos, produtividade e clima organizacional para identificar os principais desafios enfrentados pela equipe.
- Sensibilização e engajamento da liderança: Gestores e líderes devem ser treinados para reconhecer sinais de sofrimento emocional e atuar de forma proativa no suporte aos colaboradores.
- Criação de canais de apoio: Disponibilizar atendimento psicológico, programas de escuta ativa e canais anônimos para denúncias pode ajudar a reduzir o estigma e incentivar a busca por ajuda.
- Políticas de equilíbrio entre vida pessoal e profissional: Flexibilização de jornada, incentivo ao descanso adequado e respeito aos períodos de folga são ações que podem reduzir o estresse e aumentar a satisfação no trabalho.
- Treinamentos e campanhas de conscientização: Promover palestras, workshops e ações educativas sobre saúde mental fortalece a cultura organizacional e incentiva hábitos saudáveis.
- Acompanhamento e reavaliação contínua: Realizar avaliações periódicas, por meio de pesquisas e reuniões com os colaboradores, permite ajustes no plano e garante que as medidas adotadas sejam eficazes.
Com um planejamento estruturado, o plano de saúde mental deixa de ser apenas uma exigência legal e se transforma em uma ferramenta estratégica para fortalecer o bem-estar dos trabalhadores e a produtividade da empresa.