No mundo contemporâneo, o estresse e a exaustão no ambiente de trabalho têm sido temas cada vez mais discutidos. A síndrome de burnout, caracterizada pela exaustão física e emocional relacionada ao trabalho, tem sido uma preocupação crescente para profissionais e empregadores.
No entanto, uma nova síndrome surge no horizonte, chamada de Burnon. Embora compartilhe semelhanças com o burnout, o Burnon não é simplesmente uma variação dessa condição.
Para entender melhor essa distinção, é crucial compreender o que é o burnout e como ele se diferencia do Burnon. Com isso em mente, confira abaixo tudo que você precisa saber sobre a Síndrome do Burnon: o que é, sintomas, diagnóstico, como tratar e muito mais.
O que é Síndrome de Burnout? Quais são os sintomas?
Em primeiro lugar, antes de falar sobre a Síndrone de Burnon, devemos explicar o que significa Burnout. Afinal de contas, os termos são intimamente relacionados – mesmo com significados diferentes.
A síndrome de burnout é um fenômeno crescente nos ambientes de trabalho modernos, afetando profissionais de diversas áreas. Imagine-se constantemente exausto, emocionalmente esgotado e incapaz de encontrar satisfação em suas realizações profissionais – essa é a realidade de quem enfrenta o burnout.
Ele não é apenas um estresse comum no trabalho; é uma condição séria que pode impactar negativamente a saúde física, mental e o desempenho no trabalho.
Os sintomas do burnout são variados e podem se manifestar de diferentes formas. Primeiramente, há a exaustão emocional, uma sensação avassaladora de cansaço que parece nunca desaparecer, mesmo após uma boa noite de sono.
Junto a isso, vem a despersonalização, onde a pessoa desenvolve uma atitude cínica e distanciada em relação aos colegas de trabalho, clientes ou pacientes. Essa falta de empatia pode prejudicar o ambiente profissional e os relacionamentos interpessoais.
Além disso, há a diminuição da realização pessoal, onde a pessoa se sente constantemente inadequada, incapaz de atingir seus objetivos profissionais e sem motivação para buscar novos desafios.
Esses sintomas podem se manifestar de maneira gradual e podem passar despercebidos no início, mas com o tempo, podem se agravar e impactar significativamente a qualidade de vida e o bem-estar do indivíduo.
Reconhecer os sinais precoces do burnout e buscar apoio adequado são passos essenciais para lidar com essa condição e promover a saúde e o equilíbrio no trabalho.
O que Burnon? Conheça a Síndrome de Burnon
O termo burnon surge em um contexto onde muitas pessoas estão constantemente “acesas” no ambiente profissional. Essas pessoas parecem estar eletrificadas, apaixonadas por suas profissões, e seus celulares se tornam companhias constantes, mesmo fora do expediente.
Elas demonstram uma disposição incansável para o trabalho, respondendo a mensagens e e-mails até tarde da noite e nos finais de semana, muitas vezes sem pausas reais ou tempo para descanso.
Essa disposição incansável pode ser vista como uma virtude no mundo empresarial moderno, onde a cultura de trabalho valoriza a dedicação e o comprometimento extremos. No entanto, permanecer constantemente “aceso” pode ser perigoso e levar a consequências negativas para a saúde física e mental.
A sobrecarga crônica associada ao burnon pode se manifestar de várias maneiras. Primeiramente, há a exaustão física e mental, resultante do ritmo acelerado e da falta de tempo para descanso adequado.
As demandas crescentes do trabalho, juntamente com as responsabilidades familiares e sociais, podem deixar as pessoas esgotadas e sem energia.
Além disso, o burnon também pode afetar negativamente o bem-estar emocional. O constante estado de alerta e a pressão para estar sempre disponível podem levar a altos níveis de estresse, ansiedade e irritabilidade. As preocupações com prazos, problemas no trabalho e a sensação de nunca conseguir acompanhar podem causar uma sobrecarga emocional significativa.
Outro aspecto do burnon é a dificuldade em desconectar do trabalho. Mesmo quando as pessoas tentam relaxar e se afastar das preocupações profissionais, elas continuam pensando no trabalho e verificando mensagens e e-mails. Isso pode prejudicar a qualidade do sono e impedir a recuperação adequada do estresse do dia a dia.
É importante reconhecer os sinais de burnon e buscar estratégias para gerenciar o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal. Isso pode incluir estabelecer limites claros entre o trabalho e o tempo livre, praticar técnicas de relaxamento e autocuidado, e buscar apoio de colegas, amigos e profissionais de saúde mental, se necessário.
Burnon x Burnout: qual é a diferença?
Entender a diferença entre burnout e burnon é crucial para compreender os diferentes impactos que essas síndromes podem ter na vida profissional e pessoal das pessoas. Sendo assim, qual é a diferença entre Burnon e Burnout?
Enquanto o burnout se manifesta através de sintomas óbvios, como exaustão, performance reduzida e cinismo em relação ao trabalho, o burnon é mais silencioso e difícil de ser detectado.
No caso do burnout, os sintomas são mais evidentes e frequentemente requerem licença médica do trabalho para tratamento. Os indivíduos afetados demonstram uma distância mental em relação ao trabalho, sentindo-se exaustos e desmotivados.
Por outro lado, o burnon é caracterizado por uma conexão excessivamente próxima e entusiástica com o trabalho, muitas vezes descrita como uma superexcitação. As pessoas afetadas pelo burnon estão sempre à beira do colapso, mas continuam trabalhando, muitas vezes sem perceber que estão sofrendo.
O burnon pode ser considerado uma “depressão mascarada“, pois os sintomas não são tão evidentes e podem ser facilmente confundidos com um entusiasmo saudável pelo trabalho. Apesar disso, a vida pessoal dessas pessoas é afetada, e elas têm dificuldades em encontrar prazer fora do ambiente de trabalho.
Enquanto os pacientes com burnout geralmente precisam se afastar do trabalho para se recuperar, aqueles com burnon continuam trabalhando, apesar do sofrimento significativo que enfrentam. É comum que eles cultivem um tipo diferente de exaustão e depressão por trás de um sorriso, sem perceber a conexão entre esses sentimentos e seu amor pelo trabalho.
Vale destacar que o burnon pode passar despercebido por anos, já que muitas pessoas afetadas não reconhecem os sintomas ou não percebem a ligação entre esses sintomas e sua paixão pelo trabalho.
Essa falta de consciência pode levar a um diagnóstico tardio e a um impacto significativo na qualidade de vida e no bem-estar dessas pessoas.
Como surgiu o diagnóstico de Burnon?
O diagnóstico de burnon foi introduzido pelos psicólogos Timo Schiele e Bert te Wildt, da clínica psicossomática em Kloster Dießen, perto da cidade alemã de Munique.
Eles cunharam o termo “burnon” no livro “Burn On: Sempre à beira do Burn Out: O sofrimento não reconhecido e o que ajuda contra ele”. Neste livro, escrito originalmente em alemão, os autores exploram a experiência de pessoas que sofrem de uma forma menos óbvia de esgotamento profissional.
A palavra “burn” em inglês significa “queimar” ou “queimadura”, e o sufixo “on” sugere uma continuidade ou permanência de algo.
Portanto, o termo “burnon” pode ser interpretado como uma condição em que a pessoa está constantemente “queimando” ou “acesa”, sempre à beira do burnout, mas nunca realmente atingindo esse estágio.
É como se estivessem perpetuamente em um estado de pré-burnout, lidando com os desafios e estresses do trabalho sem nunca encontrar um verdadeiro alívio ou pausa.
Essa nova perspectiva sobre o esgotamento profissional destaca a importância de reconhecer e abordar não apenas o burnout óbvio, mas também formas mais sutis de sobrecarga no trabalho.
O termo “burnon” oferece uma maneira de identificar e entender o sofrimento não reconhecido de indivíduos que estão sempre à beira do esgotamento, mas que continuam a trabalhar sem perceber a gravidade de sua condição.
Conheça os sintomas do Burnon
É crucial reconhecer os sinais de burnon e buscar ajuda quando necessário. Mesmo que as pessoas afetadas possuam uma paixão pelo trabalho, o estresse constante pode gerar tensões persistentes e impactar negativamente sua saúde física e mental.
Ao observar os sintomas, é importante buscar auxílio profissional para lidar com essa condição. Os sintomas do burnon podem se manifestar de diversas formas, incluindo:
- Dores físicas: Muitos indivíduos afetados pelo burnon inicialmente apresentam dores no pescoço, nas costas, dores de cabeça e bruxismo (ranger dos dentes). Essas dores podem ser resultado do estresse crônico e da tensão acumulada no corpo.
- Desesperança e falta de felicidade: A vida exaustiva e frenética dos afetados pelo burnon pode levá-los ao desespero. Eles perdem a esperança de melhorar suas condições, não conseguem mais sentir-se felizes e questionam o sentido das coisas.
- Comorbidades psicológicas e doenças secundárias: Além das dores físicas, os afetados pelo burnon também podem desenvolver comorbidades psicológicas, como depressão, ansiedade ou vícios.
- Fenômenos psicossomáticos: O estresse crônico relacionado ao burnon pode levar a fenômenos psicossomáticos, como pressão alta, aumentando o risco de ataques cardíacos e derrames.
- Perfeccionismo e autocrítica: Pessoas com alto nível de motivação para realizar suas tarefas e que se sentem mal ao cometer erros ou não fazer as coisas de maneira perfeita estão especialmente propensas ao burnon. O perfeccionismo exacerbado pode aumentar o estresse e a ansiedade, contribuindo para a manifestação dessa síndrome.
- Insônia e distúrbios do sono: O estresse constante e as preocupações relacionadas ao trabalho podem interferir no sono, levando à insônia e outros distúrbios do sono. A falta de descanso adequado pode agravar ainda mais os sintomas do burnon e prejudicar a saúde geral do indivíduo.
Esses sintomas podem variar de pessoa para pessoa e podem se manifestar de forma diferente ao longo do tempo. É importante estar atento aos sinais de alerta e buscar apoio profissional para lidar com o burnon e recuperar o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal.
Principais causas do Burnon
Agora que você já conhece os principais sintomas da Síndrome do Burnon, é hora de conferir as causas mais numerosas desse problema. Com isso, será possível evitá-lo de maneira bem mais prática:
- Alta carga de trabalho: Pessoas que enfrentam uma carga de trabalho excessiva e estão constantemente sobrecarregadas são mais propensas a desenvolver o burnon. Isso pode incluir prazos apertados, responsabilidades múltiplas e demandas constantes no ambiente profissional.
- Pressão por desempenho: Ambientes de trabalho competitivos e uma cultura que valoriza o desempenho máximo podem contribuir para o desenvolvimento do burnon. A pressão para atingir metas e padrões elevados pode levar a uma sensação de inadequação e estresse constante.
- Perfeccionismo: Pessoas com tendências perfeccionistas, que se esforçam para alcançar a excelência em todas as áreas de suas vidas, podem ser mais suscetíveis ao burnon. O constante desejo de realizar tarefas de maneira impecável pode levar a uma sobrecarga de trabalho e estresse crônico.
- Dificuldade em estabelecer limites: Indivíduos que têm dificuldade em estabelecer limites saudáveis entre o trabalho e a vida pessoal podem estar em maior risco de desenvolver o burnon. A incapacidade de desconectar do trabalho e dedicar tempo para o descanso e o lazer pode levar a uma sensação de estar sempre “ligado” e nunca conseguir recarregar as energias.
- Falta de apoio e recursos: Um ambiente de trabalho onde os funcionários não recebem o suporte adequado da liderança ou não têm os recursos necessários para realizar suas tarefas de maneira eficaz pode aumentar o risco de burnon. A falta de apoio emocional e profissional pode tornar mais difícil lidar com o estresse e a pressão do trabalho.
- Ambiente de trabalho tóxico: Um ambiente de trabalho caracterizado por conflitos interpessoais, falta de comunicação eficaz, liderança inadequada e falta de reconhecimento pode contribuir para o desenvolvimento do burnon. A negatividade e a hostilidade no ambiente de trabalho podem aumentar o estresse e a ansiedade dos funcionários, tornando mais difícil lidar com as demandas do trabalho.
- Insegurança no emprego: A incerteza em relação à estabilidade no emprego, como a ameaça de demissão ou falta de oportunidades de progressão na carreira, pode aumentar o estresse e a pressão sobre os funcionários. A preocupação constante com a segurança no emprego pode levar a um estado de hipervigilância e exaustão emocional.
- Falta de reconhecimento e recompensa: A falta de reconhecimento pelo trabalho realizado e a ausência de recompensas adequadas, como aumento salarial ou promoção, podem minar a motivação dos funcionários e aumentar o risco de burnon. Sentir-se desvalorizado e subestimado pode levar a uma sensação de desesperança e desmotivação em relação ao trabalho.
Como tratar a Síndrome do Burnon?
O tratamento do burnon começa com o reconhecimento do problema e a conscientização de sua presença. Muitas vezes, as pessoas afetadas pelo burnon parecem funcionais externamente, o que torna essencial a observação dos sinais por parte de familiares e pessoas próximas.
Sendo assim, refletir sobre os próprios valores pessoais e identificar as áreas em que se está investindo energia também é crucial para o diagnóstico do burnon e o tratamento da síndrome.
Uma vez reconhecido o burnon, é importante dedicar tempo para avaliar as prioridades e necessidades pessoais. Isso envolve questionar-se sobre a importância das atividades diárias e se a energia está sendo direcionada para as áreas adequadas.
Se a resposta for negativa, é hora de buscar mudanças e criar pequenos espaços, tanto interna quanto externamente, para promover o equilíbrio e a saúde mental.
Sob o mesmo ponto de vista, é fundamental buscar apoio profissional, como terapia psicológica ou aconselhamento, para lidar com o estresse crônico e desenvolver estratégias eficazes de enfrentamento.
Algumas maneiras de fazer isso incluem técnicas de relaxamento, meditação, exercícios físicos e atividades que promovam o bem-estar emocional.
A abordagem do tratamento do burnon é multifacetada e requer um compromisso contínuo com o autocuidado e a busca por um equilíbrio saudável entre trabalho e vida pessoal.
Vale lembrar que a recuperação do burnon pode ser um processo gradual e que cada pessoa pode responder de maneira diferente às estratégias de tratamento. O apoio de amigos, familiares e colegas de trabalho também desempenha um papel crucial no processo de recuperação.
Como evitar e diminuir o estresse no trabalho? 10 dicas
Como você já pôde perceber, o estresse no trabalho é intimamente relacionado à Síndrome do Burnon (e também à síndrome do Burnout). Desse modo, como fazer para evitar e diminuir o estresse na vida laboral?
Abaixo, temos 10 dicas práticas que você pode usar para evitar e diminuir o estresse no ambiente de trabalho e na vida profissional em geral:
- Estabeleça limites: Defina horários específicos para o trabalho e reserve tempo para descansar e relaxar. Evite levar trabalho para casa sempre que possível.
- Pratique o gerenciamento de tempo: Priorize suas tarefas e estabeleça metas realistas. Use técnicas de gerenciamento de tempo, como a técnica Pomodoro, para aumentar a produtividade e reduzir o estresse.
- Faça pausas regulares: Tire pequenas pausas ao longo do dia para relaxar e recarregar as energias. Isso pode ajudar a manter o foco e a concentração, além de reduzir a fadiga mental.
- Mantenha-se ativo: Faça exercícios físicos regularmente para liberar o estresse acumulado e melhorar o humor. Mesmo uma caminhada rápida durante o intervalo do almoço pode fazer uma grande diferença.
- Pratique técnicas de relaxamento: Experimente técnicas de relaxamento, como meditação, respiração profunda ou yoga, para reduzir o estresse e promover a calma interior.
- Estabeleça limites de comunicação: Defina horários específicos para verificar e responder e-mails e mensagens. Evite estar constantemente disponível, mesmo fora do horário de trabalho.
- Cultive hobbies e interesses fora do trabalho: Dedique tempo para atividades que você gosta e que o ajudem a relaxar e descontrair. Isso pode incluir hobbies, esportes, arte ou música.
- Busque apoio: Converse com colegas de trabalho, amigos ou familiares sobre suas preocupações e estresse. O compartilhamento de experiências pode oferecer conforto e perspectiva.
- Estabeleça uma rotina de sono saudável: Priorize o sono de qualidade, mantendo uma rotina regular de sono e criando um ambiente propício para o descanso. Evite dispositivos eletrônicos antes de dormir e pratique hábitos relaxantes.
- Aprenda a dizer não: Não tenha medo de recusar solicitações adicionais de trabalho ou compromissos que possam sobrecarregá-lo. Estabeleça limites claros e priorize seu bem-estar.
O burnon representa um desafio significativo no ambiente de trabalho moderno, onde a paixão pelo trabalho muitas vezes leva à sobrecarga e ao estresse crônico. Nesse cenário, torna-se essencial reconhecer os sinais precoces do burnon e buscar estratégias eficazes de prevenção e tratamento.
É fundamental lembrar que o burnon não é uma condição inevitável e que é possível encontrar um caminho para uma vida profissional mais equilibrada e gratificante. Priorizar o bem-estar físico e emocional é essencial para alcançar uma vida profissional sustentável e significativa.