Brasil bate recorde de demissões voluntárias! Como evitar o turnover?

Em 2024, o Brasil atingiu uma marca impressionante, registrando quase 8,5 milhões de demissões voluntárias, conforme análise da LCA Consultores.

O fenômeno, que se reflete em 6,5 milhões de pedidos de demissão somente entre janeiro e setembro, demonstra um cenário de mercado de trabalho aquecido, impulsionado pela alta oferta de vagas e pela recuperação econômica.

Nesse contexto, a crescente busca dos trabalhadores por um melhor equilíbrio entre vida pessoal e profissional, especialmente após a pandemia, contribui significativamente para o aumento nas demissões voluntárias.

Os jovens, particularmente aqueles entre 18 e 24 anos, assumem um papel central nesse movimento, sendo responsáveis por 30% dos pedidos de demissão feitos em 2024.

Analisando o comportamento profissional, a flexibilização do mercado e o crescente espírito empreendedor, este cenário favorece uma disputa acirrada entre as empresas por talentos qualificados, destacando a nova dinâmica do mercado de trabalho no Brasil.

Com isso em mente, confira abaixo tudo que você precisa saber sobre o recorde histórico de demissões voluntárias registrado em 2024, os principais motivos e como evitar o turnover na sua empresa!

Como está o mercado de trabalho no Brasil?

O cenário do mercado de trabalho no Brasil apresenta um crescimento notável em diversas áreas, especialmente para jovens e profissionais qualificados.

O aumento nas contratações na indústria, aliado à expansão do PIB no segundo trimestre de 2024, proporcionou um ambiente favorável para novos postos de trabalho e expande o número de demissões voluntárias.

• Por exemplo: em julho de 2024, foram registrados impressionantes 747.164 pedidos de demissão, o que representa uma alta de 10,1% em comparação ao mês anterior, consolidando o maior número desde janeiro de 2020.

Além disso, entre janeiro e julho de 2024, observou-se um aumento de 15,8% nas demissões voluntárias em relação ao mesmo período de 2023.

O dado reflete a busca de condições mais favoráveis de trabalho e, ao mesmo tempo, um cenário onde 1,7 milhão de brasileiros buscam emprego há mais de dois anos.

Essa demanda, unida às novas oportunidades, tem estimulado a participação crescente das demissões voluntárias no total de desligamentos, que atingiu 36,2% nos últimos seis meses.

Embora a taxa de desemprego tenha diminuído, a expectativa de um ciclo de alta nas taxas de juros pode agravar a situação econômica.

Apesar disso, muitos trabalhadores que optaram pelas demissões voluntárias já conseguiram se reposicionar no mercado com salários melhores, evidenciando uma mudança nas condições de barganha e a flexibilização na busca por empregos que atendam às suas expectativas.

Confira mais dados sobre as demissões voluntárias na tabela abaixo:

Esse contexto evidencia as transformações que o cenário do mercado de trabalho enfrenta, considerando tanto o desenvolvimento econômico quanto a necessidade de adaptação e inovação por parte dos trabalhadores e empregadores.

Brasil bate recorde de demissões voluntárias em 2024

Em 2024, o número de pedidos de demissão alcançou a impressionante marca de 8,5 milhões, evidenciando um aumento significativo em relação a anos anteriores.

Trata-se de um recorde histórico de demissões que ajuda a compreender o cenário atual do mercado de trabalho nacional, além das expectativas dos trabalhadores, de acordo com o levantamento da LCA Consultoria Econômica.

Nos quatro primeiros meses do ano, o país registrou 2.865.860 desligamentos voluntários, um recorde que representa um crescimento de 14,7% em comparação ao mesmo período de 2023.

O fenômeno indica um histórico de demissões que não só acompanha as oscilações econômicas, mas também revela uma mudança de comportamento entre os trabalhadores, principalmente entre os mais jovens, que buscam novas oportunidades e alternativas de carreira.

Vale ressaltar que, com um aumento de 56% nos últimos anos, o Brasil se destaca como um dos países com maior turnover do mundo.

Essa realidade demanda uma análise cuidadosa sobre as causas e efeitos do recorde de demissões voluntárias, que se expande a cada ano, indicando um cenário de movimento constante no mercado de trabalho.

O que o aumento de turnover diz sobre o mercado de trabalho?

Os dados recentes indicam que as demissões voluntárias corresponderam a 33,4% de todos os desligamentos realizados em 2024.

Bastante conhecido no exterior, o fenômeno conhecido como “A Grande Renúncia” também teve um impacto significativo no Brasil, com uma em cada três rescisões de contrato ocorrendo por iniciativa do próprio funcionário.

Entre os principais fatores que contribuíram para esse fenômeno, a LCA Consultores observou uma tendência de maior mobilidade entre os trabalhadores, especialmente entre aqueles com níveis superiores de escolaridade.

As estatísticas mostram que 48,2% das demissões voluntárias ocorreram com profissionais que possuem nível superior. Em contraste, apenas 25,4% das demissões foram de trabalhadores com ensino fundamental incompleto.

A divisão por gênero também merece destaque, com 57,3% das demissões a pedido feitas por homens e 42,7% por mulheres.

Na análise da faixa etária, jovens de 18 a 24 anos apresentaram a maior taxa de pedidos de demissão, representando 38,5% dos casos. Esta proporção diminui para 23,5% entre os trabalhadores de 50 a 64 anos.

Além disso, as regiões Sul e Centro-Oeste do Brasil mostraram os maiores índices de demissões voluntárias, enquanto o Nordeste registrou as menores taxas.

Quais são os principais motivos das demissões voluntárias?

A busca por um melhor equilíbrio entre vida pessoal e profissional tem se tornado um dos principais motivos das demissões voluntárias no Brasil.

Muitos profissionais buscam novas oportunidades que aliem suas necessidades pessoais com suas ambições de carreira.

A insatisfação com o ambiente de trabalho, seja por razões de gestão ou condições inadequadas, também contribui para o aumento do turnover.

Além da busca pelo equilíbrio entre vida pessoal e profissional, a elevada oferta de vagas facilita a transição para novos empregos.

O aumento de novas empresas no Brasil, que subiu de 1,89 milhão em 2014 para 3,87 milhões em 2023, permite que trabalhadores encontrem oportunidades mais alinhadas com seus objetivos pessoais e profissionais.

Outro dado importante é que 80% dos trabalhadores que pediram demissão voluntária possuem pelo menos o Ensino Médio completo, e 94% estavam sob o regime CLT.

Os números indicam que as demissões voluntárias estão acontecendo principalmente entre trabalhadores qualificados que buscam mudanças significativas em suas vidas laborais.

Nesse contexto, lembramos que a legislação trabalhista brasileira garante direitos ao trabalhador que pede demissão, incluindo saldo de salário e décimo terceiro proporcional.

Estas garantias oferecem segurança para aqueles que optam por essa escolha, permitindo um planejamento financeiro adequado durante a transição profissional.

Combinados, os motivos que citamos acima revelam um novo panorama nas relações de trabalho, onde o foco na qualidade de vida e no bem-estar emocional se destaca como fator crucial na decisão de pedir demissão.

Influência da economia nas demissões voluntárias

A economia brasileira, atualmente em um cenário de recuperação, exerce forte influência sobre as demissões voluntárias.

Em 2023, por exemplo, o Brasil registrou um crescimento do PIB de 2,9%, e no último ano, a taxa foi de aproximadamente 3%.

O avanço impulsionou a confiança dos trabalhadores, que se sentiram mais à vontade para deixar empregos considerados insatisfatórios.

O total de desligamentos voluntários alcançou números recordes, como os 734.943 registrados em abril de 2024, o que representa a maior taxa desde o início da série em janeiro de 2020.

A busca por melhores oportunidades em um mercado de trabalho aquecido incentivou mais de 2.865.860 desligamentos voluntários nos primeiros quatro meses de 2024, evidenciando um aumento de 14,7% em comparação a 2023 e de 23% em relação a 2022.

O panorama indica que a influência da economia impacta diretamente o comportamento dos profissionais, que priorizam suas satisfações pessoais e financeiras durante períodos de crescimento econômico.

Nessa mesma perspectiva, a combinação do crescimento da massa salarial real, estimada em 6,5% ao ano, com a taxa de juro real de 6,2%, aumenta a percepção de segurança financeira entre os trabalhadores, permitindo escolhas mais ousadas por parte da força de trabalho.

Confira mais detalhes sobre os indicadores econômicos que ajudam a entender o cenário atual do mercado de trabalho:

Todos esses dados ressaltam a relação direta entre o ambiente econômico e as decisões dos profissionais no mercado de trabalho.

O aumento das demissões voluntárias representa um reflexo da confiança crescente em busca de novas oportunidades, evidenciando que a influência da economia pode ser um fator decisivo na vida profissional dos brasileiros.

Geração Z é líder nos pedidos de demissão

A geração Z traz uma nova dinâmica ao mercado de trabalho no Brasil, refletindo mudanças significativas nas escolhas profissionais.

Os dados recentes indicam que a faixa etária entre 25 e 40 anos, que inclui as gerações Z e Millennial, apresenta uma propensão elevada a pedir demissão.

Nesse cenário, o desejo por maior flexibilidade e equilíbrio entre a vida pessoal e profissional tem levado os mais jovens a liderarem esses pedidos.

O fenômeno se intensificou após a pandemia de COVID-19, evidenciando um movimento em direção a um trabalho que adicione valor à vida.

As escolhas profissionais desses jovens geralmente refletem suas aspirações por qualidade de vida, propósito e ambiente de trabalho favorável.

Empreendedorismo e as demissões voluntárias

O aumento do empreendedorismo tem se mostrado um fator significativo nas demissões voluntárias no Brasil.

Nos últimos anos, a taxa de empreendedorismo atingiu 38%, envolvendo aproximadamente 52 milhões de brasileiros de 18 a 64 anos como microempreendedores.

Essa tendência reflete uma mudança notável nas aspirações profissionais, especialmente entre os jovens que procuram criar seus próprios negócios, buscando liberdade financeira e autonomia.

A pandemia de COVID-19 catalisou a mudança no comportamento dos trabalhadores. Com salários estagnados e um ambiente de trabalho estressante, muitos estão optando por deixar seus empregos formais.

Sob o mesmo ponto de vista, o desejo de empreender se intensifica, levando os trabalhadores a considerar o regime MEI como uma alternativa viável.

Dados do CAGED indicam que a insatisfação com as condições de trabalho também tem resultado em um aumento significativo nas taxas de demissões voluntárias.

Sendo assim, a transformação cultural no Brasil implica uma reavaliação do que significa sucesso. Cada vez mais, as pessoas buscam não apenas segurança financeira, mas também satisfação pessoal e equilíbrio entre vida pessoal e profissional.

As histórias de sucesso, amplificadas pelas redes sociais, inspiram outros a seguir o mesmo caminho, mostrando que o papel do empreendedorismo vai além da economia; trata-se de uma busca de significado e realização.

Como calcular a taxa de turnover na prática?

Como você já deve ter percebido, o alto número de demissões voluntárias demanda análise e planejamento por parte das empresas – que, é claro, não desejam perder talentos qualificados.

• Desse modo, surge a dúvida: como calcular a taxa de turnover na prática?

A fórmula básica para calcular a taxa de turnover envolve somar o número de admissões e desligamentos, dividir por dois e pelo total de funcionários.

A taxa é expressa em porcentagem, permitindo que as organizações analisem sua rotatividade de forma clara.

• Por exemplo, se uma empresa tem 50 funcionários e ocorre 1 demissão voluntária no mês, a taxa de turnover é de 2% para aquele mês.

A taxa de turnover média do Brasil é de 43%. Com isso em mente, as empresas precisam estabelecer um parâmetro ideal, que deve ser menor do que 10% ao ano ou 1% ao mês.

A partir daí, o padrão permite identificar se a empresa está retendo talentos ou se está enfrentando um problema de demissões voluntárias, que muitas vezes estão ligadas à insatisfação com o salário, ambiente de trabalho tóxico ou falta de benefícios compatíveis.

As demissões voluntárias podem resultar em despesas significativas para a empresa, pois substituir um colaborador pode custar até duas vezes o salário anual desse profissional.

Além disso, a falta de um funcionário impacta diretamente a produtividade e exige que outros membros da equipe assumam suas funções.

Assim, a correta avaliação da taxa de turnover ajuda a entender a retenção de talentos e a otimizar os recursos da empresa.

Veja um exemplo de cálculo do turnover na tabela abaixo:

Ao calcular a taxa de turnover, as empresas conseguem segmentar os dados por departamento ou níveis hierárquicos, oferecendo uma visão mais aprofundada sobre as possíveis causas dos desligamentos.

Esse tipo de análise permite que as organizações façam ajustes necessários em suas estratégias de retenção de talentos, contribuindo para a estabilidade e para a melhoria constante do clima organizacional.

Como evitar turnover e promover retenção de talentos?

Para evitar turnover e garantir a retenção de talentos, as empresas devem implementar estratégias que priorizem o bem-estar dos funcionários.

• Por exemplo: oferta de salários justos e benefícios adequados, como planos de saúde e vale alimentação.

Da mesma forma, proporcionar oportunidades reais de crescimento e desenvolvimento profissional é uma ótima dica para manter os colaboradores motivados e comprometidos.

Criar um ambiente de trabalho positivo e flexível é instrumental para atender às novas expectativas dos trabalhadores, principalmente os da geração Z e Millennials.

Facilidades como home office e ergonomia adequada fazem uma grande diferença na satisfação geral da equipe.

Nessa mesma perspectiva, programas de feedback e reconhecimento são métodos eficazes para aumentar o engajamento e a felicidade no trabalho, resultando em uma equipe mais estável e menos propensa a deixar a empresa.

Por fim, as empresas devem fazer análises periódicas do turnover, identificando as causas das saídas e os pontos que podem ser melhorados.

Com isso, ao abordar questões como a falta de um plano de carreira ou infraestrutura deficiente, empresas podem desenvolver ações concretas para reduzir o turnover e promover a retenção de talentos.

Uma liderança atenta e disposta a inovar na gestão de pessoas pode transformar a cultura organizacional, garantindo um ambiente mais saudável e produtivo.