O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) acaba de divulgar mais um balanço anual, revelando dados importantíssimos sobre a geração de empregos com carteira assinada e a evolução do trabalho informal.
Em um momento em que a economia global enfrenta desafios e incertezas, as informações sobre o emprego formal e informal tornam-se ainda mais relevantes para a compreensão do panorama laboral do país.
Desse modo, no artigo abaixo, vamos explorar esses números e estatísticas, analisando as tendências e implicações para gestores e profissionais de recursos humanos.
Vale lembrar que a geração de empregos com carteira assinada é um indicador crucial da saúde econômica e da confiança das empresas, enquanto o crescimento do trabalho informal pode sinalizar desafios significativos para a proteção dos direitos dos trabalhadores.
Ao longo do texto, detalharemos as diferentes facetas do mercado de trabalho brasileiro em 2024, oferecendo dicas que podem auxiliar na formulação de estratégias eficazes para a gestão de pessoas e o desenvolvimento organizacional.
Acompanhe-nos para entender como essas informações podem impactar as decisões no ambiente corporativo!
O que são empregos com carteira assinada?
Os empregos de carteira assinada são aqueles formalizados por meio de um contrato de trabalho registrado na carteira de trabalho do empregado.
Na prática, esse registro garante que os direitos trabalhistas previstos na legislação sejam respeitados, proporcionando segurança e estabilidade ao trabalhador.
Para que um emprego seja considerado formal, é necessário que a empresa cumpra com as obrigações legais, incluindo o registro da atividade do funcionário e o recolhimento de impostos e contribuições.
No Brasil, a formalização do trabalho por meio da carteira assinada é regulada pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que estabelece as diretrizes para as relações de trabalho.
O registro formal garante ao trabalhador diversos direitos, como:
- Salário mínimo: assegura que o trabalhador receba, pelo menos, o valor do salário mínimo nacional (R$ 1.412 em 2024)
- Férias remuneradas: direito a um período de descanso anual, com remuneração correspondente.
- 13º salário: um pagamento extra ao final do ano, normalmente realizado entre novembro e dezembro
- Licença-maternidade e paternidade: garantias de afastamento do trabalho por motivo de nascimento de filhos.
- Seguro-desemprego: assistência financeira em caso de demissão sem justa causa.
- Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS): depósito mensal por parte do empregador, que pode ser sacado em determinadas situações, como demissão sem justa causa ou compra de imóvel.
- Contribuição previdenciária: direito à aposentadoria e outros benefícios previdenciários.
Combinados, esses direitos visam proteger o trabalhador e garantir condições dignas de trabalho, promovendo a inclusão social e econômica.
Empregos com carteira assinada vs empregos informais
Os empregos com carteira assinada e os empregos informais contam com diferenças significativas, tanto em termos de segurança e direitos trabalhistas quanto em relação à regulamentação e formalização.
No contexto brasileiro, a informalidade no mercado de trabalho é um desafio constante, impactando tanto os trabalhadores quanto a economia do país.
Os empregos com carteira assinada, como mencionado, são regulamentados e oferecem uma série de garantias legais. Em contrapartida, os empregos informais não têm registro em carteira, o que implica a ausência de diversos direitos trabalhistas.
Desse modo, os trabalhadores informais não têm acesso a benefícios como férias remuneradas, 13º salário, FGTS ou seguro-desemprego.
Além disso, a falta de formalização pode dificultar o acesso a serviços financeiros, como empréstimos e financiamentos, já que a comprovação de renda é obrigatória nesses casos.
A informalidade no Brasil é impulsionada por diversos fatores, como a dificuldade de inserção no mercado de trabalho formal, a necessidade de flexibilidade em determinadas situações e, em muitos casos, a falta de conhecimento sobre os direitos trabalhistas.
Muitas pessoas optam por trabalhar de forma informal devido à burocracia e aos custos associados à formalização, como impostos e contribuições, que podem parecer desvantajosos em comparação com a renda imediata que um emprego informal pode proporcionar.
Vale destacar que a informalidade não se limita a um perfil específico de trabalhador. Ela abrange diversas categorias, incluindo autônomos, freelancers e trabalhadores em setores que não exigem registro formal, como o comércio ambulante.
A situação gera uma série de implicações, não apenas para os trabalhadores, mas também para a economia como um todo, pois a informalidade representa uma perda de arrecadação de impostos e contribuições, afetando o financiamento de políticas públicas.
Portanto, enquanto os empregos com carteira assinada oferecem segurança e proteção legal, os empregos informais se caracterizam pela ausência desses direitos, resultando em uma maior vulnerabilidade para os trabalhadores que optam por essa modalidade.
MTE revela quantos empregos de carteira assinada foram gerados em 2024
O MTE acaba de divulgar dados que mostram que o Brasil ultrapassou a marca de 2 milhões de novas vagas de emprego formal nos primeiros dez meses de 2024.
A recuperação significativa do mercado de trabalho é visível em todos os cinco setores analisados, além de se estender pelas 27 Unidades da Federação.
- Por exemplo: somente em outubro, foram registrados 132.714 novos postos de trabalho, resultado de 2.222.962 admissões e 2.090.248 desligamentos.
Os números refletem uma tendência positiva que se estende desde o início da nova administração federal, em janeiro de 2023.
Desde então, mais de 3,5 milhões de novos empregos com carteira assinada foram criados, estabelecendo um novo recorde histórico no Brasil, com um estoque total de 47,63 milhões de empregos formalizados.
Além disso, ao considerar o acumulado dos últimos 12 meses, de novembro de 2023 a outubro de 2024, o saldo também se mostra positivo, com um crescimento de mais de 1,78 milhão de novas vagas.
O resultado representa um aumento de 22,7% em comparação ao mesmo período anterior, quando foram gerados 1,45 milhão de empregos.
Dados da geração de empregos formais em 2024:
- Total de novos postos de trabalho em 2024: 2.222.962 admissões e 2.090.248 desligamentos
- Saldo positivo em outubro: 132.714 empregos formais
- Total de empregos com carteira assinada desde janeiro de 2023: mais de 3,5 milhões
- Estoque total de empregos formalizados no Brasil: 47,63 milhões
- Saldo acumulado nos últimos 12 meses: mais de 1,78 milhão
- Aumento percentual em comparação ao período anterior: 22,7%
Os dados acima demonstram um cenário otimista para o mercado de trabalho no Brasil, refletindo a eficácia de políticas voltadas para a geração de empregos e a formalização do trabalho no país.
Entendendo a geração de empregos no Brasil 2024
Para entender melhor a geração de empregos no Brasil em 2024, é importante analisar os registros formais em diferentes estados, regiões e setores específicos.
A análise fornece uma visão abrangente do panorama do mercado de trabalho no país, destacando onde estão as oportunidades e quais grupos se beneficiam mais da criação de vagas. Veja abaixo
Geração de empregos nos Estados
Em outubro de 2024, 24 das 27 Unidades da Federação fecharam o mês com saldo positivo na geração de empregos. Os estados que se destacaram com os maiores saldos foram:
- São Paulo: +47.255 novos postos
- Rio Grande do Sul: +14.115 novos postos
- Rio de Janeiro: +10.731 novos postos
A performance demonstra a recuperação do emprego em diversas partes do país, com São Paulo liderando a criação de vagas, um reflexo de sua robusta economia.
Como ficou a geração de emprego nas regiões:
Todas as cinco regiões do Brasil registraram saldos positivos em outubro de 2024. O Sudeste foi a região que mais gerou empregos no mês, com um total de 65.458 novos postos.
As demais regiões apresentaram os seguintes resultados:
- Sul: +34.372 novos postos
- Nordeste: +18.345 novos postos
- Norte: +7.349 novos postos
- Centro-Oeste: +4.457 novos postos
Os números evidenciam que, apesar das disparidades econômicas regionais, todas as áreas do Brasil estão contribuindo para o crescimento do mercado de trabalho.
Quais setores se destacaram?
A análise setorial também é recomendada para entender a geração de empregos. Em outubro, o saldo foi positivo em três dos cinco grupamentos de atividades econômicas.
O destaque ficou com o setor de Serviços, que gerou 71.217 novos postos, com as seguintes áreas se destacando:
- Informação, comunicação e atividades financeiras: 41.646 novos postos
- Comércio: +44.297 novos empregos
- Indústria: +23.729 novos postos
No entanto, o setor da Agropecuária apresentou um saldo negativo de -5.757 postos, e a Construção Civil também teve resultados ruins, com -767 novos postos – o que aponta para a necessidade de estratégias específicas para reverter as perdas em setores que tradicionalmente geram muitos empregos.
Geração de empregos para mulheres em 2024
As mulheres desempenharam um papel significativo na geração de empregos em outubro, ocupando mais do dobro das oportunidades em comparação aos homens.
Das 132.714 novas vagas formais geradas, as mulheres preencheram 89.917 postos, enquanto os homens ocuparam 42.797.
Essa tendência é um indicativo do avanço da participação feminina no mercado de trabalho formal.
Escolaridade, faixa etária e salário
Analisando a escolaridade, os trabalhadores com ensino médio completo foram os mais representativos nas contratações de outubro, totalizando 107.375 novas vagas.
Em relação à faixa etária, os empregados entre 18 e 24 anos foram os que mais ocuparam vagas, somando 102.891 postos.
O salário médio de admissão no mês passado foi de R$ 2.153,18, refletindo as condições do mercado de trabalho.
Acumulado de empregos 2024
No acumulado de janeiro a outubro de 2024, todos os cinco grandes agrupamentos de atividades econômicas registraram saldos positivos. O setor de Serviços se destacou como o maior gerador de empregos, com mais de 1,11 milhão de novos postos.
Seguiram-se:
- Indústria: 429.473 novos postos
- Comércio: 262.954 novos postos
- Construção Civil: 230.856 novos postos
- Agropecuária: 76.036 novos postos
Entre as Unidades da Federação, São Paulo também se destacou, com um saldo positivo de 609.153 novos postos entre janeiro e outubro de 2024. Outros estados que mostraram forte desempenho foram:
- Minas Gerais: 207.773 novos postos
- Paraná: 163.206 novos postos
- Rio de Janeiro: 149.074 novos postos
- Santa Catarina: 140.011 novos postos
Quantos trabalhadores formais existem no Brasil hoje?
O Brasil alcançou um recorde histórico de emprego no trimestre encerrado em outubro de 2024, totalizando 103,6 milhões de trabalhadores, um marco que reflete o crescimento tanto dos postos com carteira assinada quanto dos informais.
O número de empregados no setor privado com carteira de trabalho (excluindo trabalhadores domésticos) atingiu 39 milhões, representando o maior patamar desde o início da série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, que começou em 2012.
Os dados revelam um crescimento de 1,2% em relação ao trimestre anterior, encerrado em julho de 2024, e um impressionante aumento de 3,7% quando comparado ao mesmo trimestre do ano anterior.
O cenário positivo é impulsionado principalmente pelo desempenho da indústria, que, ao expandir suas operações, tem contribuído para a criação de empregos formais.
Além dos trabalhadores com carteira assinada, os dados também mostram um crescimento significativo no número de empregos sem carteira, que atingiu 14,4 milhões, outro recorde na série histórica.
O aumento nos postos informais foi ainda mais acentuado, com uma alta de 3,7% na comparação trimestral e de 8,4% em relação ao mesmo período do ano passado.
Segundo especialistas do IBGE, o crescimento pode ser atribuído a setores como construção civil e outros serviços, que têm visto uma expansão considerável.
A população informal, que inclui não apenas trabalhadores sem carteira, mas também aqueles que atuam por conta própria sem CNPJ, chegou a 40,3 milhões.
A cifra representa um aumento de 2,1% em relação ao trimestre anterior, superando o crescimento da população ocupada total, que foi de 1,5%.
A taxa de informalidade, que indica o percentual de trabalhadores informais em relação ao total da população ocupada, ficou em 38,9%.
Isso representa um leve aumento em comparação aos 38,7% registrados no trimestre encerrado em julho e uma diminuição em relação aos 39,1% do mesmo trimestre de 2023.
Como ficou a taxa de desemprego 2024
A taxa de desemprego no Brasil alcançou 6,2% no trimestre encerrado em outubro de 2024, marcando o menor índice desde 2012.
Esse resultado representa uma redução significativa em relação ao trimestre anterior, que havia registrado uma taxa de 6,8%, e também é uma queda em comparação aos 7,6% registrados em outubro do ano passado.
A população desocupada foi estimada em 6,8 milhões, o menor número desde o trimestre finalizado em dezembro de 2014.
Os dados indicam uma melhora consistente nos indicadores do mercado de trabalho, superando os recordes anteriores de 2013 e 2014, que eram considerados os melhores momentos do emprego no país.
Adriana Beringuy, pesquisadora do IBGE, destaca que essa melhoria reflete uma considerável recuperação do mercado de trabalho, particularmente após os desafios impostos pela pandemia de Covid-19 entre 2020 e 2022.
“Os indicadores do mercado de trabalho são muito consistentes. É uma melhoria que vem sendo sustentada trimestre a trimestre. E vem superando recordes lá de 2013 e 2014, considerados, em termos de alguns indicadores, o melhor momento do mercado de trabalho”, explica a especialista.
Outro aspecto relevante é o rendimento médio real do trabalhador, que atingiu R$ 3.255, próximo ao recorde anterior de R$ 3.292, registrado no trimestre encerrado em julho de 2020.
Vale notar que, durante a pandemia, muitos postos de trabalho, especialmente os informais e de menor renda, foram perdidos, o que elevou a renda média na época.
Agora, no entanto, o aumento do rendimento ocorre simultaneamente ao crescimento da população ocupada.
Comparado ao trimestre encerrado em outubro de 2023, o rendimento real teve um incremento de 3,9%, apresentando altas consecutivas desde outubro de 2022.
A população subutilizada, que inclui pessoas em busca de emprego ou que poderiam trabalhar mais, chegou a 17,8 milhões, o menor número desde maio de 2015, quando era de 17,7 milhões.
A taxa composta de subutilização também foi a mais baixa para um trimestre encerrado em outubro desde 2014, alcançando 15,4%.
Finalmente, a população desalentada, que representa aqueles que gostariam de trabalhar, mas não buscam emprego por diversos motivos, totalizou 3 milhões, o menor contingente desde abril de 2016, quando eram 2,9 milhões.
O que os números do MTE revelam para as empresas?
Os dados divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) não apenas traçam um panorama do mercado de trabalho em 2024, mas também oferecem ótimas dicas para as empresas que buscam se adaptar e prosperar em um cenário em constante mudança.
Ao analisar esses números, as organizações podem identificar oportunidades e desafios, permitindo que ajustem suas estratégias e abordagens de gestão de pessoal para o futuro.
A seguir, estão algumas lições que podem ser extraídas desses dados:
- Importância da formalização: O crescimento contínuo de empregos formais indica que as empresas devem investir na formalização de suas relações de trabalho, promovendo um ambiente de segurança e estabilidade para seus colaboradores.
- Foco na diversidade: O aumento da participação feminina no mercado de trabalho destaca a necessidade de políticas de diversidade e inclusão, permitindo que as empresas atraíam e retenham talentos de diferentes origens.
- Valorização da qualificação: Com o crescimento de contratações de trabalhadores com ensino médio completo, as empresas devem priorizar programas de capacitação e desenvolvimento para melhorar a competitividade de sua força de trabalho.
- Adaptação às mudanças setoriais: Com o setor de serviços liderando a criação de empregos, é fundamental que as empresas analisem as tendências de mercado e se adaptem às necessidades específicas de seus setores, inovando constantemente em produtos e serviços.
- Planejamento estratégico: A identificação de regiões com maior crescimento econômico pode orientar as empresas na expansão de suas operações, buscando novos mercados e oportunidades de investimento.
Ao aplicar essas lições, as empresas poderão enfrentar os desafios do mercado e, ao mesmo tempo, se posicionar de maneira mais estratégica e sustentável no cenário econômico de 2025 e além.
FAQ
Qual é a definição de empregos com carteira assinada?
Empregos com carteira assinada são aqueles formalizados com registro na carteira de trabalho, garantindo direitos trabalhistas.
Quais são as diferenças entre empregos com carteira assinada e empregos informais?
Os empregos com carteira assinada oferecem direitos trabalhistas, enquanto os informais não têm registro, resultando na falta de benefícios.
Quantos empregos com carteira assinada foram gerados no Brasil em 2024?
Em 2024, foram geradas mais de 2 milhões de novas vagas de emprego formal.
Quais estados se destacaram na geração de empregos em 2024?
São Paulo, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro foram os estados que mais geraram empregos.
Como as mulheres contribuíram para a geração de empregos em 2024?
As mulheres ocuparam quase 90 mil das novas vagas geradas em outubro de 2024.
Qual foi a taxa de desemprego no Brasil em 2024?
A taxa de desemprego ficou em 6,2% no trimestre encerrado em outubro de 2024.
O que os dados do MTE revelam sobre as tendências do mercado de trabalho?
Os dados destacam a importância da formalização e a necessidade de políticas de diversidade e inclusão no trabalho.