Sustentabilidade e meio ambiente são temas que se tornam cada vez mais presentes na agenda de diversos países ao redor do mundo. Logo, é natural que os debates se estendam para a área privada e passem a ocupar um espaço importante no dia a dia das empresas, sejam elas ou pequenas. A sigla ESG (Environmental Social and Governance), por exemplo, traduz perfeitamente a preocupação dos negócios não só com sustentabilidade, mas também com fatores sociais e de governança da empresa.
Ainda assim, surgem diversas dúvidas sobre o seu verdadeiro significado e como ele é aplicado no mundo dos negócios. Pensando nisso, preparamos um artigo completo contando todos os detalhes sobre esse movimento. Confira abaixo!
A sustentabilidade no mundo dos negócios
Antes de tudo, é importante entender a importância da sustentabilidade no mundo dos negócios e por quais motivos ela passou a ser incentivada.
Como resultado das mudanças climáticas e escassez de recursos naturais, a preocupação com o meio ambiente passou a pautar diversos setores da sociedade, e não foi diferente na iniciativa privada.
Nesses casos, essas instituições buscam por soluções e respostas que possam reduzir os impactos da industrialização no mundo moderno, como menor emissão de gases tóxicos, redução no uso de agrotóxicos e muito mais. Inclusive, diversas reuniões de organizações internacionais passaram a definir algumas orientações para essas instituições, muitas delas coordenadas em uma escala global.
A própria Agenda 21, um documento das Nações Unidas, trata de diversos objetivos que possam contribuir para o desenvolvimento socioeconômico e preservação ambiental em todo o mundo.
Ele estabelece que cada país tem responsabilidade na elaboração da agenda, onde deverão adotar os compromissos acerca dos problemas socioambientais presentes no planeta. Nos últimos 30 anos, apesar de não ter sido uma tarefa fácil, conseguiu alcançar resultados expressivos, mas que ainda passam longe do que os especialistas no assunto recomendam.
As empresas e a sociedade
No geral, as empresas que se preocupam com o impacto social positivo devem demonstrá-lo através de suas próprias atividades. Portanto, de forma intencional, deve oferecer respostas para problemas sociais especialmente da população de baixa renda, atendendo suas necessidades e principais características.
Quando ela gera um potencial para crescimento, por exemplo, seja através da ampliação do seu negócio e criação de oportunidades ou investimentos na comunidade, pode trazer impactos significativos para a sociedade.
Este tipo de investimento pode gerar benefícios que vão além de questões sociais, mas também gerar uma relação mais positiva entre seus colaboradores, parceiros e consumidores. Dessa forma, proporcionar um ambiente mais saudável e bem gerenciado, seja através de boas tecnologias ou um bom sistema de controle de ponto, já traz impactos significativos.
Afinal, os indivíduos e o próprio mercado estão se tornando cada vez mais críticos em relação ao que consomem, o que reflete diretamente na forma como escolhem seus serviços e bens. Assim, os negócios que se preocupam com o impacto social passam a ser mais bem vistos e valorizados.
As empresas e o meio ambiente
Não é difícil avistar e entender o impacto que as indústrias possuem em nosso dia a dia. No entanto, por décadas, muitas delas deixaram de lado a preocupação com o meio ambiente e com questões sociais, o que muitas vezes contribuiu diretamente para o aumento de abismos sociais e perda da flora ou fauna de uma região.
No final, seja da área petrolífera, construção civil ou química, a busca incessante por recursos naturais causa danos e desequilíbrios para a natureza.
No Brasil, este tema, apesar de delicado, traz uma série de debates entre os principais governantes do país. Segundo o IBGE, a maioria das empresas que investem em programas de sustentabilidade ambiental estão apenas preocupadas com a imagem da instituição, enquanto uma boa parcela nem mesmo investe em programas deste tipo.
Além disso, a pesquisa apontou que isso pode ser resultado direto do pouco incentivo governamental, seja através de subsídios ou outras formas.
Principais impactos das indústrias no meio ambiente
É fácil perceber alguns dos impactos das indústrias no meio ambiente, mas outros nem tanto, visto que alguns são resultado de anos de deterioração do ar, água e terra. Ainda assim, ambientalistas apontam esses como os principais problemas atualmente:
Devastação de florestas
Como resultado do crescimento acelerado dos grandes centros urbanos, a indústria também foi responsável pela devastação de florestas, especialmente no Brasil. Por este motivo, é possível perceber um desequilíbrio cada vez maior entre a fauna e a flora, onde espécies nativas se tornam cada vez mais escassas, levando algumas delas até mesmo à extinção.
O rompimento da barragem de Brumadinho, em Minas Gerais, por exemplo, trouxe a morte de não só dezenas de seres humanos, mas de todo um ecossistema na região. O derramamento de dejetos e aumento do lamaçal causou até mesmo mutações.
Poluição do ar
A poluição do ar é algo que pode ser visto sem muito esforço nos centros urbanos, visto que todos os dias são lançadas toneladas de gases tóxicos na atmosfera. Eles contribuem diretamente para o efeito estufa e redução da qualidade do ar que respiramos, causando doenças como rinite, asma e muitos outros problemas respiratórios.
Contaminação da água
As indústrias também causam um impacto significativo nos mares, rios e lagos de todo o planeta. Além do despejo de resíduos tóxicos nesses corpos d’água, também contribuem para o desbalanço da cadeia alimentar nestas regiões.
Com isso, não só os animais, mas comunidades de seres humanos que dependem dessas águas para pesca, por exemplo, acabam sendo profundamente prejudicadas.
Todos esses três tipos de impacto acabam contribuindo diretamente para o aquecimento global, um efeito que resultado da atividade humana, contribui para o aumento da temperatura no planeta, mudanças climáticas e chuvas ácidas.
Logo, através do mercado financeiro, o ESG surge como uma maneira de reduzir o impacto dessas ações no meio ambiente e reduzir o avanço do aquecimento global.
Entendendo o significado de ESG (Environmental Social and Governance)
Em sintonia com o aumento da preocupação com sustentabilidade e medidas que causem impactos sociais positivos, o termo ESG ganha cada vez mais visibilidade.
Através dele, o mercado financeiro passou a apresentar maior cuidado com questões ambientais, sociais e de governança, como a própria sigla já diz. Dessa forma, até mesmo no processo de tomada de decisões, seja criação de novos contratos e investimentos, essas questões se tornaram essenciais ao analisar o risco de cada transação, exigindo até mesmo profissionais especializados na área.
Segundo especialistas, organizações que se preocupam e reconhecem essas práticas acabam se destacando no mercado, atraindo mais investidores e proporcionando impactos mais positivos na sociedade.
Portanto, todo bom investidor deve levar em conta essas questões e os pilares que cercam a ESG. No geral, o desenvolvimento sustentável em harmonia com o ambiente, direitos garantidos aos acionistas com regras de governança e relação social positiva com colaboradores e consumidores são pontos indispensáveis em todo negócio moderno. Ainda assim, é importante entender o que cada um desses termos trabalham:
Ambiental
Basicamente, as questões ambientais incluem políticas corporativas, uso de energia sustentável, poluição, conservação de recursos naturais e cuidado com os animais. Assim, avaliados os riscos ambientais que uma empresa possa enfrentar e como ela os gerencia. Um exemplo comum é o gerenciamento de resíduos tóxicos e emissão de gases que contribuem para o efeito estufa.
Social
A questão social trabalha tanto com o público interno quanto o externo. Ou seja, seus colaboradores, clientes e investidores são levados em conta na análise de risco, além de seu impacto na sociedade que a cerca.
Muitas vezes, o repasse de parte do lucro para instituições sem fins lucrativos ou a comunidade local são pontos levados em consideração, além das condições de trabalho de seus funcionários ou a forma como lidam com a relação entre cliente-empresa.
Dessa forma, grupos de investidores procuram por companhias que promovam debates éticos e socialmente conscientes, incluindo temas importantes na sociedade atual, como justiça social, inclusão e luta contra discriminação racial, de gênero e sexual.
Governança
O conceito de governança em “ESG” é o que gera mais dúvidas, mas é bem fácil de ser definido. Para resumir, é a preocupação com que empresas possam garantir métodos precisos e transparentes no dia a dia, além da contratação de líderes competentes e diversificados. A prestação de contas para os seus acionistas, por exemplo, é algo altamente considerado antes de um investimento.
Os principais benefícios do ESG
Existem muitos argumentos ou pontos que apontam para a importância de adotar o ESG em um negócio, sendo que muitos deles foram citados acima.
Ainda assim, partindo de um ponto de vista mais pragmático, este modelo contribui diretamente na forma como investidores lidam quando uma companhia opera de maneira arriscada ou antiética em algum momento. Ou seja, ela reduz o risco legal e regulatório, como o de receber sanções estatais e multas ambientais.
Quando houve vazamento de óleo no Golfo do México, por exemplo, a BP, empresa responsável pelo escândalo, perdeu bilhões de dólares com a queda do valor de suas ações.
Além disso, o aumento da rentabilidade do negócio passou a andar junto com ESG, visto que esta agenda também exige mais controle financeiro, o que resulta em uma melhor performance da empresa em alguns quesitos. Inclusive, algumas instituições financeiras, como a JPMorgan Chase e a Goldman Sachs já publicaram alguns relatórios sobre os ganhos das empresas que adotam este modelo.
As desvantagens do Environmental Social and Governance
Apesar de trazer impactos sociais e ambientais significativos, nem todo negócio pode se adaptar bem ao investimento em ESG. Isso porque algumas indústrias, como a de álcool e tabaco são relativamente menos visadas por esses investidores, especialmente pelo dano que trazem à vida das pessoas.
Ainda assim, produzem retornos financeiros bem altos e estáveis, o que significa que conseguem lidar bem com crises, problemas socioambientais e recessões.
Da mesma forma, a tendência do mercado é de que alguns grupos de investidores estejam dispostos a perder parte do lucro para desenvolver um negócio mais sustentável e preocupado com questões de meio ambiente, social e governança.
No final, este modelo tende a crescer cada vez mais e ocupar um espaço gigantesco na dinâmica do mundo corporativo, se determinantes na atração ou afastamento de capital. Ainda assim, investidores e consumidores devem estar atentos a medidas que podem parecer sustentáveis, mas na verdade são “greenwshing”.
O que é o greenwashing?
Com o aumento da preocupação dos consumidores em pautas ambientais, muitas empresas passam a utilizar a propaganda ecológica para não perder seus clientes.
Ou seja, elas vendem uma falsa imagem de sustentabilidade, o que leva possíveis investidores e consumidores a adquirirem seus bens ou serviços acreditando estar ajudando a natureza, animais ou a sociedade.
Chamado de greenwashing ou “lavagem verde” em português, esta estratégia é cada vez mais comum no mercado financeiro, mas nem todos sabem como reconhecê-la ou quais as medidas corretas para lidar com o problema.
Nesses casos, o recomendado é evitar fazer compras levando em consideração apenas sua embalagem ou propagandas. No geral, é necessário pesquisar o motivo pelo qual tal produto é sustentável e como a marca consegue este resultado.
Como saber quais empresas adotam Environmental Social and Governance?
Para clientes e possíveis investidores pode ser difícil saber quais empresas se preocupam com essas questões. Felizmente, no Brasil, a B3, bolsa de valores oficial do país, conta com seis índices de sustentabilidade.
Dessa forma, é possível avaliar e acompanhar quais companhias estão mais em sintonia com os problemas sociais, ambientais e governança do dia a dia dos brasileiros. Dessa forma, é possível verificar os seguintes pontos:
- Índice de Carbono Eficiente (ICO2)
- Índice de Ações com Governança Corporativa Diferenciada (IGC)
- Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE)
- Índice de Governança Corporativa – NOVO Mercado (IGC-NM)
- Índice de Governança Corporativa Trade (IGCT)
- Índice de Ações com Tag Along Diferenciado (ITAG)
Conclusão
Assumir as agendas e compromissos com práticas ambientais, sociais e de governança passou a pautar não só os debates entre países, mas também o próprio mercado financeiro. Através dessas medidas, essas empresas podem trazer impactos significativos no dia a dia das comunidades que as cercam e contribuem para a preservação da natureza.
Dessa forma, esse acaba sendo um investimento de ganho absoluto, visto que orientações mais sustentáveis também contribuem para colaboradores mais satisfeitos e investimentos estáveis e rentáveis.
Portanto, com exceção de indústrias muito específicas, não existem motivos para não se engajar e trazer a preocupação com o meio ambiente e sociedade para o dia a dia de um negócio.
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