Em pleno 2022, o clima esquenta nas reuniões do final de ano, especialmente no Natal em família depois das eleições.
As festas de Natal e Ano novo são bastante esperadas e também podem ser motivo de grande ansiedade para muitas pessoas, porque nem todas as famílias estão 100% unidas quando o assunto é política.
Há quem diga que política e futebol não se discute mas, como bem sabemos, vira e mexe isso vira assunto na mesa.
Afinal, sempre tem aquele parente que lança as opiniões políticas completamente opostas às suas para puxar o assunto durante a ceia de Natal.
Essa maneira de iniciar a conversa é um prato cheio para discussões que podem resultar em um mal estar em plena noite de natal.
Não podemos negar que, uma vez com a ideologia política bem estabelecida nas nossas cabeças, é muito difícil que alguém consiga nos convencer ao contrário.
Assuntos que envolvem a sua visão de mundo e sociedade são bastante complexos e não é na mesa que existirá mudança de opinião e posicionamento.
Segundo o psicólogo social Peter Coleman, da Universidade de Columbia, em Nova York, que há décadas se dedica ao estudo de conflitos complexos, ninguém vai conseguir convencer aquele tio ou primo a mudar de posição política.
No Brasil, as últimas eleições polarizaram o país, talvez mais do que nunca, trazendo à tona discussões profundas e de longo prazo.
Como temos visto nos noticiários e na internet, ainda existe uma parte dos eleitores que não aceitam o resultado e isso pode ser um prato cheio para as discussões na reunião de família do Natal de 2022.
Se você deseja fugir dessa situação e ter paz pelo menos no momento da ceia de Natal, então veja no artigo de hoje como deixar as diferenças políticas de lado e ter uma noite boa e tranquila em família.
Será que bloquear resolve?
Com tantas mensagens no WhatsApp ou publicações no Instagram ou no Facebook que você não estava afim de ver, você deve ter bloqueado algum parente para evitar brigar ou se irritar ainda mais com a situação.
Mas é chegado o Natal, momento em que toda a família se reúne e é nessa hora que você estará cara a cara com aquele seu parente que você bloqueou.
Será que não ter contato nas redes sociais vai realmente resolver as indiferenças e tudo ficará bem pessoalmente?
Por via das dúvidas, a melhor atitude é deixar os assuntos políticos de lado para evitar que novos conflitos desnecessários sejam criados.
Também não é interessante remexer no que já foi dito, porque isso pode piorar a situação.
Em prol do equilíbrio emocional do ambiente familiar, o melhor é buscar superar o que foi falado no calor do momento eleitoral e aproveitar os bons sentimentos do final do ano para deixar tudo para trás.
As festas do final de ano nos trazem reflexões, renovação e até mesmo a mão na consciência para entender as desavenças relacionadas às questões políticas ou as crenças das pessoas não falem a pena.
Seja com o seu parceiro ou parceira, filhos, avós, pais ou tios, trocar farpas nas redes sociais não é a melhor maneira de tentar buscar um equilíbrio para as diferenças políticas.
Na verdade, essa é uma janela para que outras pessoas aticem a discussão e aumentem o ódio.
Basicamente, você estará dando mais um passo para viver em pé de guerra com a sua família por algo que não é fácil de entrar em consenso, se é que um dia isso pode acontecer.
Por que é importante entrar em acordo?
Supondo que você resolva bloquear um familiar das redes sociais, como será a relação de vocês pessoalmente, em especial, na ceia de natal?
Se esse bloqueio não for feito em todas as redes sociais, você ainda pode manter uma relação passivo-agressiva, com o envio e recebimento de memes e conteúdos que podem ferir um ao outro.
Nessa realidade, é importante fechar acordos para que opostos políticos consigam conviver de uma maneira saudável, sem querer mudar o posicionamento um do outro.
Infelizmente, essa desavenças podem causar buracos bem grandes na família e na amizade de muitas pessoas, tendo em vista as discussões que perdem os limites quando as pessoas estão de cabeça quente.
Para ilustrar o Correio Braziliense apresentou alguns relatos de eleitores de 2018 e as consequências das desavenças políticas.
Um dos casos que mais chama atenção é a do bancário Luís André que conseguiu reunir os ex-colegas do Colégio Marista de Brasília depois de 28 anos de formados, em 2013.
Em 2014, os colegas puderam fazer uma festa de 30 anos de formados e o grupo de WhatsApp chegou a ter mais de 100 pessoas, bastante ativo, casais foram formados, eram um grupo bastante unido.
Nele haviam pessoas mais de direita do que de esquerda e tudo começou a desandar em 2016, com o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). No grupo passaram a postar muitas ofensas e brigas começaram a acontecer.
Desde então não houve mais festas para reunir o grupo, tendo em vista as grandes desavenças políticas que foram formadas.
Diferenças políticas ainda mais quentes: adolescência politizada
Como se não bastasse a guerra entre os adultos quando o assunto é política, para engrossar o caldo, estamos vivendo uma geração em que a adolescência é politizada.
E não, isso não é algo ruim! Na verdade, é extremamente importante que todos os cidadãos conheçam os seus direitos, deveres, seu lugar na sociedade e como funciona a vida política do seu país, estado e cidade.
No mundo moderno em que vivemos, os adolescentes contam com acesso ilimitado a informação, com isso, eles mesmo passam a ter as próprias convicções políticas.
Além disso, a juventude brasileira está acostumada à liberdade de expressão e aos comentários argumentativos nas redes sociais, então, não é difícil que você encontre perfis de pessoas muito jovens mas que já tem um excelente posicionamento político.
A adolescência se tornou ainda mais politizada graças à possibilidade de acompanhamento rápido das eleições através da internet.
Os jovens acompanharam as eleições com mais detalhes e mais rapidez e, por ter facilidade com o uso da internet, tem a capacidade de pesquisar passado dos candidatos e buscaram maneiras de debater questões que os mais velhos.
Os bons argumentos para superar as diferenças políticas
Algo que deve ficar muito claro é que nem sempre a desavença entre os parentes e amigos ocorre por falta de informação.
É muito comum que as pessoas associem o posicionamento do outro como “burro” porque essa pessoa não tem informações suficientes sobre a realidade do país.
Mas a verdade é que a maioria das pessoas são muito bem informadas, possuindo alto grau de instrução.
Todavia, essas pessoas, que pode ser um parente ou amigo seu, tem uma visão de mundo diferente da sua.
Por isso, o jeito aqui para tentar não bater de frente com as pessoas é ter bons argumentos, pacíficos e que não ferem o posicionamento do outro.
Se o assunto político vier à mesa e você não quiser ignorar 100%, então só fale aquilo que for fato, sem achismos ou baseado em fake news.
Infelizmente, a cultura brasileira de ser ouvido é aquela que grita mais alto; só cria confusão e quando a bagunça já está feita, fica muito mais difícil resolver.
Então, é nessa hora que deve ser colocada a mão na consciência e ter equilíbrio emocional, porque, na hora de falar sobre política, é necessário muita pesquisa a fim de que as pessoas saibam explanar seus pontos de vista.
As pessoas precisam ter calma, olhar pelo lado da razoabilidade e isso não quer dizer concordar com o posicionamento do outro e sim conversar sem atritos.
Dicas de como passar o Natal em família em paz mesmo após as eleições
Agora que você entendeu melhor o cenário geral de como as pessoas têm lidado com as conversas políticas em família, é chegada a hora de apaziguar a sua.
Aqui vão algumas dicas bem interessantes de como passar o natal em família depois das eleições, deixando as diferenças políticas de lado.
Saiba como iniciar a conversa com a família no natal depois das eleições
É Natal, toda a família está junta, você encontra toda a sua geração de tios e tias que não vê desde o Natal do ano passado.
E aí sempre tem aquele que puxa o assunto de política para iniciar uma conversa e, se você tem interesse em entender o lado do outro, sobre o que ele pensa, então é preciso muita inteligência emocional nesse momento.
Iniciar uma conversa da maneira correta é o primeiro passo para ter uma boa interação e até mesmo finalizar a conversa com um brinde, em vez de caras fechadas e um de cada lado.
Se você começa a conversa em tom de piada, ironia ou até mesmo dizendo algo hostil, às suas palavras pode inflamar até mesmo ferir o outro, levando a conversa para o desfecho ruim.
Tenha certeza que muitas pessoas já estão exaustas desses atritos políticos e o país não vive em um dos seus melhores contextos emocionais.
Por isso, mesmo em caso de pequenas diferenças ou aborrecimentos, isso pode desencadear respostas desproporcionais, porque estamos todos estressados.
Avalie o tipo de relacionamento que você tem com a outra pessoa
Quando você entrar em uma discussão sobre política, avalie o tipo de relacionamento que você tem com a pessoa.
O grau de intimidade regerá o tipo de conversa política que será estabelecida naquele momento.
Se você está em família, em um momento como a ceia de natal, na presença dos seus irmãos, sobrinhos, tios e pais, por serem pessoas conhecidas, você conhece o quadro emocional.
Então, já conhece o tipo de conversa que pode se desenrolar.
Caso o relacionamento seja bom, com confiança mútua e amor, uma conversa política não pode se transformar em uma catástrofe de Natal.
Por outro lado, se são relacionamentos tensos, em que há mágoas, e pequenas coisas podem desencadear uma explosão.
Sabendo desse segundo caso, porque você entraria intencionalmente em uma conversa que sabe que não vai levar a lugar algum?
Não simplifique o que é complexo
Em períodos de polarização política como o que vivemos hoje é muito comum que um lado passe a desprezar o outro, tendo em vista o enorme senso de lealdade a seu próprio grupo.
Trazendo um pouco o exemplo dos Estados Unidos, pesquisas apontam que tanto na esquerda quanto na direita, as pessoas não estão prestando atenção às questões em si, mas estão simplesmente preocupadas em apoiar o seu “time” e bloquear o “adversário”.
A principal motivação é pertencer a um grupo e ser um bom membro desse grupo e se você começa a levantar questões, você vai irritar o seu grupo.
Isso não parece estranho quando pensamos na realidade brasileira, não é mesmo?
De acordo com pesquisas realizadas no laboratório de Coleman, o psicólogo que citamos logo na introdução, quando um tema polêmico, como aborto, é apresentado aos participantes apenas com argumentos pró e contra, eles geralmente acabam prestando atenção na informação que apoia o que pensam e ignorando o outro lado.
Por outro lado, o mesmo tema é apresentado de forma mais complexa, com as múltiplas dimensões envolvidas, os participantes têm conversas mais flexíveis, ouvindo melhor o outro lado.
O mesmo acontecerá em um encontro com a sua família ou entre amigos quando se inicia conversas sobre política.
Esse tipo de assunto é bastante complexo e chegar com respostas prontas, sem uma análise mais profunda só trata ainda mais desavenças.
Conclusão sobre como passar o natal em família depois das eleições
O respeito acima de tudo é a chave para ter um Natal em família tranquilo, mesmo com as diferenças políticas circundando o ambiente.
Cada ser humano tem uma percepção de mundo, se enxergando de uma maneira diferente na sociedade e tentar bater de frente com o que o outro sente e é, é perca de tempo.
Por isso, na ceia de Natal, foque em conversas que levam a algum lugar, fale sobre as suas experiências durante o ano, seus desafios, suas vitórias.
Conte sobre as novidades, novas habilidades que você aprendeu ou até mesmo desabafar sobre coisas da rotina.
Criar vínculos com as pessoas da nossa família é bastante importante e isso pode ser feito sem muitos atritos, com conversas que façam com que o outro te conheça melhor.
É isso pessoal, um bom Natal a você e a sua família, com muita paz e resiliência, seja você da direita, do centrão ou da esquerda!
Compartilhe com os seus familiares e amigos essas dicas e vamos viver um Natal em que as diferenças políticas são deixadas de lado!